Débora Garofalo, finalista do “Nobel da Educação”, destaca que a proibição é apenas um passo para lidar com a dependência tecnológica nas escolas.
Em dezembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que proíbe o uso de celulares nas escolas brasileiras. A medida gerou intensos debates entre educadores, especialistas e famílias. Um dos nomes a se posicionar foi Débora Garofalo, professora com mais de 19 anos de experiência e reconhecida mundialmente como finalista do Global Teacher Prize, considerado o “Nobel da Educação”.
Segundo Garofalo, a restrição é um primeiro passo para lidar com a chamada “epidemia de distração” nas salas de aula. No entanto, ela reforça que a medida isolada não será suficiente. “Não dá para falar em proibição, que é uma ação radical, se a gente não educar as crianças verdadeiramente para um uso consciente da tecnologia”, afirmou em entrevista à BBC News Brasil.
Garofalo acredita que os celulares, quando usados de maneira pedagógica, podem ser aliados do processo educacional, especialmente em escolas públicas que enfrentam limitações tecnológicas. Foi com o uso desses aparelhos que ela implementou um projeto de robótica com sucata, uma iniciativa que a colocou entre os dez melhores educadores do mundo em 2019.
A importância do uso consciente da tecnologia
Embora apoie a medida como estratégia inicial, Garofalo alerta que o foco deve ser em preparar os alunos para um uso saudável e responsável da tecnologia. Ela destaca a importância de incluir discussões sobre nomofobia (ansiedade pela ausência do celular) e saúde mental nas escolas, seguindo diretrizes previstas na nova lei.
O ministro da Educação, Camilo Santana, também defendeu a proibição, citando estudos que associam o uso excessivo de telas a problemas como ansiedade e depressão. A lei permite exceções para acessibilidade e fins pedagógicos, mas exige estratégias para promover a inclusão digital e acolher alunos em sofrimento psíquico.
O papel do professor no cenário tecnológico
Garofalo, que atualmente é assessora de políticas públicas inovadoras na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, enfatiza que a tecnologia deve ser usada como ferramenta complementar. Ela também destacou que a inteligência artificial pode trazer avanços, mas não substitui o papel essencial do professor.
“A máquina pode contribuir para o processo de ensino-aprendizagem, mas não vai substituir o professor”, reforça.
Fonte: G1